Endividamento cai pelo 5º mês consecutivo em Vitória

Consumidores endividados e/ou inadimplentes têm dado preferência ao pagamento de compromissos assumidos e evitado fazer novas dívidasAs famílias da capital tem buscado evitar dívidas. É o que mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES), em que o índice retrocedeu 2,5% em março ante 62,3% em fevereiro. O número reforça uma tendência que acompanha o consumidor capixaba desde outubro de 2015, que tem priorizado o pagamento de dívidas. O presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, explica que a crise tem conscientizado o cidadão sobre o real uso do dinheiro. “Um fator relevante são os feirões de negociação, que vem permitindo que dívidas com juros altos sejam renegociadas por um valor acessível para que o consumidor inadimplente limpe o seu nome e dê algum retorno aos seus credores”, afirma.Apesar de ter diminuído, os cartões de crédito (68,2%) continuam sendo o principal meio de endividamento por parte dos consumidores. Em seguida vêm os carnês (28,4%), o crédito pessoal (17,3%) e o cheque-especial (8,9%). Mesmo assim, 39,7% dos entrevistados afirmam não possuir dívidas deste tipo. Em relação ao nível de endividamento, 27,4% se consideram pouco endividados, enquanto outros 20,2% dizem estar mais ou menos endividados.Quanto às condições de pagamento, 46,6% acreditam que não terão como pagar suas contas em atraso no próximo mês – destes, 48,7% recebem menos do que dez salários mínimos. Já 34,6% poderão pagar parcialmente e 18,8% dizem estar quites com seus credores a partir de abril.Tempo de pagamento e comprometimento com as dívidasO tempo de pagamento das dívidas em atraso supera os 90 dias para 52,5% dos entrevistados; entre 30 e 90 dias para 28,4% e até 30 dias para 19,1%. Quanto ao tempo de comprometimento com as dívidas, 47,1% das famílias da capital demorarão entre seis meses e um ano para pagá-las, enquanto outros 32% estarão atrelados à elas pelos próximos três e seis meses. E 15% possuem dívidas a serem pagas por, pelo menos, um ano.Parcela da renda comprometida com as dívidasAo todo, 71% possui entre 11% e 50% de sua renda comprometida com o pagamento de dívidas; 23,8% destinam até 10% dos seus vencimentos para o pagamento dos seus compromissos, enquanto 4,3% dos alcançados pela pesquisa têm mais de 50% de sua renda reservada para o pagamento de dívidas – destes, 15% recebem mais do que dez salários mínimos.O presidente do Sindicato do Comércio de Lojistas de Cariacica, José Antônio Pupim, percebe a situação como uma “faca de dois gumes”, mas projeta que a decisão dos consumidores de reverta em bons resultados em curto e médio prazo. “Vemos estes números com certa preocupação, o que é natural, pois o consumo esta retraído. Por outro lado, o consumidor está resgatando a dívida, a possibilidade de voltar a consumir normalmente. Esperamos que isto seja benéfico para os próximos meses. Afinal, não adianta termos uma melhoria na economia, se não tivermos um consumidor apto a consumir”, afirma.

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