Consolidado 2017 registra alta de endividamento e inadimplência das famílias de Vitória


Endividamento e Inadimplência. Em 2017, os resultados mostraram que houve um aumento significativo de 7,6 pontos percentuais (p.p) na taxa média anual de famílias endividadas em relação a 2016. Em média, 72,7% do total das famílias de Vitória estavam endividadas em 2017.
Além da alta do endividamento, os indicadores de inadimplência também cresceram no ano, atingindo uma média anual de 48,8% do total de famílias da capital. Essa diferença representou um crescimento de 18,8 pontos percentuais em relação ao nível médio de inadimplência das famílias em 2016. Já a média anual do percentual daquelas com contas ou dívidas em atraso e sem condições de pagar suas dívidas atrasadas no próximo mês obteve 7,2% do total de famílias em 2017, representando o menor nível de toda a série histórica.
Entre os endividados, caiu para 19,5% a parcela média anual de comprometimento da renda com dívidas em relação a 2016, quando foi de 26,7%. Essa parcela ficou bem abaixo dos 30% considerados razoáveis para o comprometimento da renda das famílias com esses tipos de dívidas (cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês, prestações de carro, entre outros).
Tipos de dívidas das famílias. O cartão de crédito continuou sendo o principal tipo de dívida adquirida pelas famílias em 2017. No entanto, observou-se queda de sua participação, com uma média anual de 53,1%, diferença expressiva quando comparada aos anos anteriores. Além da menor utilização do cartão de crédito, observou-se uma maior utilização do crédito pessoal, do cheque especial e dos carnês.
Análise por faixa de renda. Analisando a situação do endividamento por faixa de renda familiar entre as que possuem rendimento de até 10 salários mínimos (s.m.) e aquelas cujo rendimento é acima de 10 s.m. observou-se que as famílias de mais baixa renda são as que se encontram em maior dificuldade, apresentando uma maior intensidade do endividamento e da inadimplência.
Embora historicamente tenha mostrado indicadores em patamar mais elevado em relação à outra faixa, em 2017 a média anual do endividamento e inadimplência das famílias de menor renda deu um salto em relação aos anos anteriores. Basicamente, os tipos de dívidas mais presentes nessa faixa de renda foram o cartão de crédito (52%, em média), crédito pessoal (51%, em média), carnês (50%, em média) e cheque especial (26%, em média).
Comentários
O ano de 2017 ainda foi marcado por muitas incertezas econômicas e políticas. Esse cenário, que vem acompanhado de alto nível de desemprego, influenciou diretamente a queda do consumo, o aumento do endividamento e da inadimplência das famílias que, em Vitória, atingiu o mais alto nível desde que a série histórica foi iniciada.
O alto endividamento atrelado à uma situação de queda na intenção de consumo das famílias (indicada pela Pesquisa de Intenção do Consumo das famílias – ICF – divulgada pela Fecomércio-ES) e baixo comprometimento da parcela da renda mensal com dívidas sugere que as famílias de Vitória ainda encontraram dificuldades no consumo básico e serviços essenciais e acabaram recorrendo a empréstimos na tentativa de equilibrar as contas do mês.
Mas nesse “malabarismo”, o preocupante é que cada vez mais as famílias tem se endividado, lançando mão do crédito de forma não planejada, o que resulta na inadimplência. O estudo mostrou ainda que as famílias com renda mais baixa são as que estão em maior dificuldade, ou seja, maior nível de endividados e de inadimplentes quando comparada à outra faixa pesquisada.
O Espírito Santo fechou o ano de 2017 com saldo líquido negativo entre admissões e demissões no ano. Embora o saldo seja o melhor dos últimos dois anos, o resultado ainda negativo sinalizou que o mercado de trabalho vem tentando se recuperar muito lentamente. A situação ainda pode ser considerada crítica se relacionada à grande perda dos empregos registrada ao longo dos dois anos anteriores. Esse é o maior desafio das famílias no momento que, mesmo com ajustes, ainda possuem dificuldades para equilibrar o orçamento mensal.
A expectativa da Fecomércio-ES para 2018 é que seja um ano mais favorável ao crescimento dos investimentos e, consequentemente, dos empregos e do consumo, porém, de forma muito gradual. A cautela advém do fato de ser um ano eleitoral, o que influencia a confiança de todos os agentes econômicos em relação aos rumos do país.
Nota Técnica
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) Anual é um compilado das informações da PEIC mensal, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e disponibilizada às federações para a elaboração das análises estaduais. A PEIC tem por objetivo dar resposta às questões sobre a investigação na área do endividamento das famílias. A análise dos dados de Vitória-ES é realizada pela Assessoria Econômica da Fecomércio-ES.
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