INDICADOR SERASA EXPERIAN DA QUALIDADE DE CRÉDITO

20/10/2009

O Indicador Serasa Experian da Qualidade de Crédito do Consumidor, que avalia numa escala de 0 a 100 a qualidade de crédito do consumidor – quanto maior, melhor a qualidade de crédito, portanto menor é a probabilidade de inadimplência, caso este consumidor venha a requerer crédito – registrou queda de 0,8% no terceiro trimestre deste ano em relação ao segundo trimestre de 2009.

O indicador, criado com base nos modelos estatísticos de avaliação de risco de crédito utilizados pela Serasa Experian, atingiu o patamar de 78,2 no 3º trimestre de 2009, o menor valor de toda a série histórica iniciada em 2007.

A queda na qualidade de crédito do consumidor verificada nestes últimos dois trimestres (2º e 3º trimestres de 2009) pode ser explicada, basicamente, por dois fatores: os efeitos defasados da crise financeira internacional sobre a situação patrimonial das famílias, especialmente no que diz respeito às condições do mercado do trabalho e o descompasso entre o crescimento do endividamento e da massa real de rendimentos.

Quanto ao primeiro aspecto vale lembrar que a taxa de desemprego média deste ano ainda está superior à taxa média verificada no ano passado (8,6% de janeiro a agosto de 2009 frente a 8,2% observada no mesmo período de 2008, segundo o IBGE). Assim, do ponto de vista conjuntural a recente recuperação do mercado formal de trabalho, conforme estão apontando as últimas estatísticas do CAGED devem atuar no sentido de se reequilibrar a situação financeira das famílias, especialmente as de renda mais baixa.

Em relação ao segundo aspecto, é importante frisar que de janeiro a agosto de 2009, segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego – IBGE, a massa nominal de rendimentos cresceu apenas 3,9% ao passo que o saldo dos empréstimos bancários concedidos às pessoas físicas expandiu-se 12,6%, segundo atestam os dados coletados pelo Banco Central. No ano passado tal descompasso também se verificou com o crédito crescendo 25,1% contra 13,7% da massa de rendimentos.

Tal avanço do endividamento vis-à-vis à massa de rendimentos contribui para elevar o risco sistêmico de crédito devendo, inclusive, atuar no sentido de determinar, ao longo dos próximos meses, um arrefecimento no ritmo mensal de concessões reais de crédito às pessoas físicas, tendência já apontada pelo Indicador Serasa Experian de Perspectiva de Crédito ao Consumidor, divulgado no dia 1º de outubro de 2009.

Assim, a recuperação da qualidade de crédito do consumidor passa, necessariamente, por medidas que confiram: a) melhor educação financeira por parte das pessoas físicas; b) aprimoramento dos instrumentos de avaliação de riscos por parte dos concedentes de crédito; c) ampliação do universo de potenciais tomadores de crédito, que possuam bons hábitos de pagamentos e que, por diversas razões (especialmente ausência de informações), não tenham hoje acesso ao crédito. Neste último quesito, a introdução do Cadastro Positivo, nos moldes dos países que hoje o operam, é de vital importância para este fim.

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