Famílias Utilizam o 13º para Quitar Dívidas

Entre novembro e dezembro, cerca de 5.005 pessoas declararam não ter mais contas à pagar, apenas na capital capixaba, segundo Pesquisa de Endividamento da Fecomércio-ESA Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) do mês de dezembro confirma as expectativas iniciais: os consumidores estão aproveitando o 13º salário para pagar dívidas. No último mês do ano, o número de endividados reduziu para 64,7%, frente aos 69,5% registrados em novembro. Em números absolutos, o recuo representa 5.005 pessoas endividadas, em Vitória, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES)Quanto menos endividados, mais pessoas estarão aptas ao consumo nos próximos meses, pondera o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. “É saudável que estas pessoas se preocupem em livrar das dívidas preexistentes antes de assumirem novos compromissos. Em linhas gerais, isto pode significar que na alta temporada teremos mais pessoas em plenas condições financeiras e emocionais para voltar a consumir durante o verão, o que é algo extremamente vantajoso para o comércio varejista”, afirma.Tipo de dívida e nível de endividamentoO cartão de crédito permanece como o principal meio de endividamento (74,5%). Em seguida vêm os carnês (20,8%), cheque-especial (7,7%) e financiamento de carros (7,1%). Pessoas que possuem outros tipos de dívida chegam aos 12,2%. Apesar disso, 35,2% declararam não possuir dívidas dentre as listadas na pesquisa, 34,3% estão pouco endividadas e 21,4% consideram mais ou menos endividadas.Famílias com contas em atraso, condições e tempo de pagamento das contas em atrasoAo todo, 55,4% garantem que entre os seus familiares não possui contas em atraso, enquanto outros 43,2% admitem ter algum familiar inadimplente. Dos que têm contas em atraso, 44,5% não terão condições de pagá-las no próximo mês; 43,7% conseguirão apenas parcialmente, e 11,8% ficarão em dia com as suas obrigações. O tempo de pagamento supera os 90 dias para 47,5% dos entrevistados com contas em atraso; 36,6% possuem pagamentos atrasados entre 30 e 90 dias.Tempo e parcela da renda comprometidos com a dívidaBoa parte dos endividados (39,1%) estará atrelada às dívidas pelos próximos seis meses, podendo chegar a um ano – 42,2% destes recebem menos do que dez salários mínimos-. E 31,7% passarão os próximos três e seis meses pagando dívidas. Situação em Vitória e no interior do ESO presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Vitória, João Elvécio Faé, vê o fato como um fenômeno típico de final de ano. “O cliente preza muito pelo seu crédito e então aproveita o dinheiro extra para quitar o seu saldo devedor, mas logo faz novas dívidas. Não acredito que teremos perdas nas vendas por conta disso. A indústria está perdendo, assim como o agronegócio e o próprio comércio varejista… não está bom para ninguém”, diz. De acordo com Faé, o endividamento faz com que as vendas sejam menos qualitativas do que em anos anteriores. “Mesmo as vendas que faremos, elas não serão iguais. Boa parte dos que ainda se arriscam a consumir optam por produtos mais simples, mais baratos, bem diversos do que realmente desejariam comprar”, acrescenta.No interior a situação é diferente. Segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Gabriel da Palha, Vila Valério, Águia Branca e São Domingos do Norte, Audenir Gomieri, o nível de endividamento não baixa e o consumo não aumenta. “O 13º aqui representa pouco para o comércio. No interior, as pessoas estão menos propícias ao consumo. Muita gente já tem acesso à internet, celular, tv a cabo, então eles sabem que a atual conjuntura econômica não está favorável, logo, procuram se precaver para as ‘vacas magras’ e gastam pouco. Por exemplo, o produtor que antes iria para a cidade vender duas sacas de café e deixar o dinheiro de uma saca no banco, prefere vender apenas uma por vez, utiliza este dinheiro para se sustentar durante um mês e assim vai levando. Mesmo para a Ceia de Natal as vendas devem ser fracas, já que alguns supermercados sequer farão hora extra, porque não têm para quem vender”, lamenta.NacionalNo cenário nacional, o endividamento registrou leve aumento em dezembro. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de famílias que relatam ter dívidas atinge 61,1%, número estável em relação aos 61,0% registrados em novembro. Na comparação com o mesmo período do ano passado (59,3%) aumentou.

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