Famílias de menor renda ainda encontram dificuldades para equilibrar as contas do mês na capital


O endividamento das famílias de Vitória começou o ano em queda, ficando 0,5 pontos percentuais (p.p.) abaixo do percentual registrado em dezembro de 2017. Os resultados revelaram que 74,4% das famílias se declararam endividadas, o que representa cerca de 95 mil famílias da capital do Espírito Santo, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Fecomércio-ES. Em relação a janeiro de 2017, o endividamento ficou 11,4 p.p. acima.
Ao detalhar o nível de endividamento a pesquisa mostrou que, pensando na renda mensal da família que está comprometida com dívidas, a maior parte dos entrevistados (54,0%) considera que está mais ou menos endividado. Os que se consideraram muito endividados somaram apenas 4,3% e os poucos endividados somaram 16,0%. Os demais 25,5% afirmaram não possuírem dívidas desse tipo.
A inadimplência das famílias de Vitória, que é a proporção de famílias da capital que declararam ter conta ou dívidas em atraso de pagamento, ficou em 62,0% do total, permanecendo no mesmo nível registrado ao final do ano passado. Entre os endividados a inadimplência vai a 83,3%.
Já o percentual das famílias cuja expectativa é de que não tenham condições de pagar suas dívidas em atraso no próximo mês, que permanecia em nível controlado até novembro de 2017, a partir de dezembro passou a registrar um percentual com dois dígitos e atingiu o maior nível da série histórica em janeiro de 2018, alcançando 19,3%. Em outras palavras, esse percentual representa a proporção de famílias que permanecerão inadimplentes no próximo mês.
Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda mensal com dívidas ficou, em média, em 13,2%. As famílias que se encontram inadimplentes afirmaram que o pagamento está atrasado, em média, há 60 dias. Ainda, segundo eles, sua renda estará comprometida com essas dívidas pelos próximos 6 meses.
Principais tipos de dívidas das famílias
Desde novembro do ano passado, o cartão de crédito deixou de ser o principal tipo de dívida das famílias de Vitória, alcançando o percentual de 35,3% em janeiro de 2018. O cheque especial também teve sua participação diminuída para 11% no primeiro mês do ano.
Já o crédito pessoal e dos carnês permaneceram como principais tipos de dívidas das famílias no mês de janeiro sendo que 64,8% possuem dívidas com carnês e 66,3% com crédito pessoal.
Renda Familiar
Analisando a situação do endividamento por faixa de renda familiar entre as aquelas que possuem rendimento de até 10 salários mínimos (s.m.) e aquelas cujo rendimento é acima de 10 s.m. observou-se que as famílias de mais baixa renda são as que se encontram em maior dificuldade.
Essa é a faixa de renda na qual a intensidade do endividamento e da inadimplência está maior. No mês de janeiro, a pesquisa mostrou 80% de famílias endividadas e 75,3% de famílias com alguma conta ou dívida atrasada. Os principais tipos de dívidas são o crédito pessoal e os carnês. Nessa faixa também está o maior percentual daqueles que consideraram não ter condições de pagar suas dívidas atrasadas no próximo mês.
Já para aqueles com renda maior, o endividamento está em 38,3% das famílias, a inadimplência em 5,0% e a falta de condição para pagamento das dívidas atrasadas no próximo mês é de 1,0%.
Comentários
Mesmo com um comprometimento baixo da parcela da renda mensal com dívidas, por conta do baixo consumo e dos juros menores, observou-se que as famílias ainda encontram dificuldades no consumo básico e serviços essenciais e acabaram recorrendo a empréstimos para tentar equilibrar as contas.
A pesquisa de janeiro destacou ainda que as famílias com renda mais baixa são as que estão em maior dificuldade, permanecendo mais endividadas e inadimplentes (com pelo menos uma conta ou dívida em atraso no mês). Além disso, outro resultado preocupante é o crescimento do percentual de famílias que afirmaram não ter condições de pagar suas dívidas atrasadas que, pela primeira vez na série histórica, atingiu um número com dois dígitos, situação essa que também atinge em sua maioria as famílias de renda mais baixa.
Dois pontos podem ser destacados nesse contexto. O primeiro é que se observou que o consumidor substituiu (principalmente aqueles de menor renda) as dívidas mais caras por aquelas mais baratas. Isso pode ter sido fruto de negociação de dividas que geralmente acontecem no final do ano. Entretanto, sem um planejamento adequado dos recursos que se poderiam disponibilizar, as famílias podem ter caído na inadimplência novamente, ou seja, elas permaneceram endividadas e inadimplentes, mas sob outro tipo de dívida. Segundo é que, o final do ano sempre é um período de maiores gastos e as pessoas podem ter adquirido dívidas além do que realmente poderiam.
O Espírito Santo fechou o ano de 2017 com saldo líquido negativo entre admissões e demissões no ano. Embora menor que nos anos anteriores, o resultado ainda negativo sinalizou que o mercado de trabalho vem tentando se recuperar muito lentamente. A situação ainda pode ser considerada crítica se relacionada à grande perda dos empregos registrada ao longo dos dois anos anteriores. Esse é o maior desafio das famílias no momento que, mesmo com ajustes, ainda possuem dificuldades para equilibrar o orçamento mensal, devido à perda do emprego de parte dos integrantes da família.
Nota Técnica
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) é realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) em âmbito nacional e disponibilizada às federações para a elaboração das análises estaduais. A análise dos dados de Vitória-ES é realizada pela Assessoria Econômica da Fecomércio-ES. A PEIC tem por objetivo dar resposta às questões sobre a investigação na área do endividamento, definindo conceitos estatísticos e metodologias para caracterização e avaliação do endividamento das famílias. A pesquisa é realizada com uma amostra de, no mínimo, 500 famílias residentes no município de Vitória – ES.
Acompanhe a análise completacom os gráficos:
PEIC |Janeiro 2018: Análise Assessoria Econômica da Fecomércio-ES
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