Famílias Capixabas voltam a reter consumo em novembro

Encarecimento do crédito e alta na inflação são fatores que frearam a disposição do consumidor e casou incerteza quando ao emprego atual e perspectivas para os próximos mesesAo longo do ano, a pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) apontou uma significativa queda na disposição do consumidor na passagem de maio para junho, que foi retomada gradativamente nos meses seguintes à Copa do Mundo. Porém, em novembro, o ICF retraiu 2,1 pontos na comparação com o outubro (110,3 pontos) e 20,5 pontos em relação a novembro do ano passado, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (Fecomércio-ES).Segundo a pesquisa, as famílias com renda mensal de até dez salários mínimos apresentaram maior recuo no consumo na comparação de novembro com outubro (108,9 pontos frente a 111,3 pontos, respectivamente), enquanto as famílias com renda mensal acima dos dez salários mínimos mantiveram o consumo (119,2 em novembro ante a 119,5 em outubro).O Índice permanece favorável – acima de 100 pontos, porém surpreendeu negativamente as expectativas de intensificação do consumo justamente na reta final do ano, quando o trabalhador recebe o pagamento do 13º salário. O encarecimento do crédito, a persistência inflacionária e o menor otimismo em relação ao mercado de trabalho são as principais causas do recuo na disposição das famílias, na avaliação do presidente da Federação, José Lino Sepulcri.Mercado de trabalhoTais causas apontadas por Sepulcri atingiram fortemente a perspectiva e satisfação do consumidor. A avaliação da satisfação com emprego atual registrou 124,6 pontos, uma retração de 4,7 pontos em relação a outubro. Houve queda mais acentuada na perspectiva profissional para os próximos meses, passando de 112,2 pontos no mês passado para 104,5 pontos em novembro.Em contrapartida, a satisfação com a renda atual cresceu em novembro para 120,6 pontos em relação a 116,9 pontos do mês anterior. “Esta discrepância acontece devido ao cenário político e econômico, onde o consumidor fica cercado de incertezas e receoso de quanto a estabilidade do seu emprego. Por outro lado, o pagamento do décimo terceiro salário em novembro e dezembro aumenta a renda do mês, causa certo alívio nas famílias, dando a sensação de contentamento”, avalia Sepulcri.ConsumoComo forma de aquecer as vendas no final do ano e liberar o acesso ao crédito, o varejo renegociou as dívidas dos consumidores. Porém o elevado custo do crédito em função dos juros ainda inibem as famílias na hora das compras, de modo que a avalição quando ao nível de consumo está mais distante da meta favorável, atingindo 86,6 pontos, enquanto o mesmo indicador em outubro fechou com 93,1 pontos.A perspectiva de consumo para os próximos meses aumentou de 105,5 pontos em outubro para 116,4 pontos em novembro. Os gastos nos próximos meses devem aumentar em consequência das festas de final de ano e das férias em janeiro e fevereiro. Nesta época, os pais se organizam para comprar os uniformes e materiais escolares dos filhos, além dos impostos.Diferente do mês passado, em que as famílias se sentiam confortáveis para compras de bens duráveis, novembro apresentou outro comportamento do consumidor que não acredita que atualmente é um bom momento para esse tipo de compra. O indicador mostra uma retração, registrando 99,7 pontos neste mês frente aos 113,6 pontos em outubro. A retração foi mais acentuada nas famílias com renda mensal até 10 salários mínimos.

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