Equilibrar as contas do mês ainda é um desafio para as famílias de Vitória
Endividamento e Inadimplência
O endividamento das famílias de Vitória cresceu 1,2 pontos percentuais (p.p.) em outubro em relação a setembro. Os resultados mostraram que 78,6% das famílias estão endividadas, o que representa pouco mais de 100 mil famílias da capital do Espírito Santo, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Fecomércio-ES. Em relação a outubro de 2016, o endividamento ficou 9,8 p.p. acima.
A proporção de famílias que declararam ter conta ou dívidas em atraso (inadimplentes) que havia recuado nos últimos dois meses voltou a subir em outubro. A inadimplência está em nível alto, mostrando que 58,8% do total de famílias de Vitória estão com contas atrasadas. Entre os endividados esse percentual aumenta para 74,8%. Já o percentual das famílias que afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso no próximo mês permaneceu em 8,2%.
Principais tipos de dívidas das famílias
O cartão de crédito continua sendo o principal tipo de dívida para as famílias de Vitória, representando 61,7% e avançando 6,3 p.p. em outubro em relação a setembro. O cheque especial aparece no segundo lugar como tipo de dívida para 39,9% das famílias da capital. A utilização do crédito pessoal e dos carnês ficou em terceiro e quarto lugares representando, respectivamente, 38,5% e 37,9% das dívidas das famílias.
Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda mensal com dívidas em outubro caiu para, em média, 13,8%, representando o menor nível da série histórica do índice. E aquelas famílias que se encontram inadimplentes afirmaram que o pagamento está atrasado há cerca de 57 dias, em média. Ainda, segundo eles, sua renda estará comprometida com essas dívidas pelos próximos 7 meses.
Nos quatro primeiros meses do ano de 2017 o cartão de crédito imperava como o principal tipo de dívida das famílias. Em maio observou-se uma tentativa de substituição da dívida mais cara (cartão de crédito) por uma dívida que possui juros um pouco menor (crédito pessoal), mas essa tendência não se firmou e o cartão voltou a ser mais utilizado, acompanhado do crescimento da utilização do cheque especial.
Comentários
Mais uma vez a inadimplência das famílias foi destaque no cenário de endividamento da capital do Espírito Santo. O mês de outubro mostrou que mais da metade das famílias de Vitória possuem pelo menos uma dívida ou conta em atraso (58,8% do total das famílias) após dois recuos consecutivos nos meses anteriores. O número de famílias também aumentou e daqueles que não terão condições de pagar suas dívidas atrasadas ficou estável.
Já a baixa da inflação e dos juros fez com que, em média, o comprometimento da renda mensal de uma família com dívidas diminuísse, pois a diminuição dos custos do crédito provocou uma suavização do impacto da parcela do empréstimo na renda mensal.
No malabarismo para equilibrar as contas do mês, o que se observa é que um número cada vez maior de famílias tem se endividado, muitas vezes lançando mão de opções mais rápidas e caras de crédito. Soma-se a isso o fato delas não estarem conseguindo cumprir com os prazos compromissados, se traduzindo na alta da inadimplência. O fator de atenção nesse caso é que os dois principais tipos de dívidas das famílias são os que possuem os mais altos juros do mercado e, assim, assumem um alto risco da dívida aumentar muito, em pouco tempo, diante de um imprevisto que venha impedir o pagamento no prazo determinado.
O maior desafio nesse contexto ainda é a recuperação do mercado de trabalho, que influencia diretamente na capacidade de pagamento das famílias. A utilização do crédito de forma não planejada e desestruturada também faz com que os indicadores permaneçam em níveis elevados nesse cenário de dificuldades em equilibrar o orçamento mensal.
Fique atualizado
Assine e receba nosso conteúdo em sua caixa de entrada.