Empresários do comércio seguem pessimistas com a economia
Pesquisa da Fecomércio-ES indica desânimo dos empreendedores da capital do Estado. Situação pode ser vista desde setembro de 2014 e esta relacionada a alta nos impostos, juros e inflação
Desde 2010, todos os meses a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) sai às ruas para medir o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (ICEC), e desde setembro de 2014 tem percebido uma queda nesse quesito. De lá para cá, a confiança dos empreendedores caiu 14,8%. Só em fevereiro, o índice retraiu 3,4%.O presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri, vê na mais recente previsão para uma inflação que alcance 7,33% – a maior em 11 anos – e no aumento dos impostos de muitos produtos, o reflexo das más projeções para o comércio em 2015. “Além desses fatores, a inadimplência e o baixo consumo das famílias, além da perda anual de 8% na lucratividade do setor decorrente dos feriados e enforcamentos o longo de 2015, agravam ainda mais a situação”, diz.Condições atuais, expectativa e investimentosA percepção dos comerciantes com relação às atuais condições do comércio sofreu leve aumento de 0,3 pontos e fecha fevereiro com 64,4 pontos. Porém, o nível da expectativa com relação à economia brasileira recua 5,3% no segundo mês do ano, alcançando 98,7 pontos. Sem perspectiva de bons negócios, a queda nos investimentos também continua, apontando recuo de 4,8%, e a contratação de funcionários reduz 10,9%. Nas empresas com até 50 empregados, a queda na contratação chega a 11,2% com 93,3 pontos. Quase metade dos empresários (49,9%) julga que a economia brasileira piorou muito.“O momento é assustador”, assim definiu a situação econômica do país o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Cariacica, José Antônio Pupim. Segundo ele, todas as medidas econômicas tomadas pelo governo são recessivas e vão de encontro a qualquer possibilidade de crescimento. “A indústria parou, não há investimentos e o decréscimo nas vendas é perceptível nos caixas do comércio. Estamos no começo do ano e tudo ainda está meio nebuloso, mas posso afirmar que não existe expectativa de melhora no horizonte”, afirmou.Os comerciantes do interior do Estado fazem coro com os da capital. De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Gabriel da Palha, Vila Valério, Águia Branca e São Domingos do Norte, Audenir Gomieri, o pessimismo por lá é ainda maior. “Esse pessimismo é fruto da insegurança que o empresário vem sentindo com relação a um governo indeciso, que não toma posicionamento em favor do empresário que, por sua vez, fica com medo de investir no comércio. Os sucessivos aumentos na conta de luz, na gasolina, na folha de pagamento, a falta de água, entre outros, têm desestimulado o comércio. De cada 100 empresários com os quais converso, 90 tem intenção de parar. Estamos muito assustados”, disse.Avaliação por porte da empresa e grupo de atividadeO índice de confiança de micro e pequenos empresários, com até 50 empregados, de Vitória caiu cerca de 3,5% em fevereiro, chegando a 92,8 pontos. A expectativa com relação ao crescimento do setor nos próximos meses caiu 4,5% (121 pontos), influenciando diretamente nos investimentos que também recuaram, 4,9% (92,9 pontos).Entre as médias e grandes empresas, com mais de 50 empregados, o panorama também é desanimador. O índice de confiança aponta crescimento de 1,4%, com 98,5 pontos, e a insatisfação com as atuais condições do comércio caiu 3%, ficando com 66,3 pontos. Já a expectativa do empresários com o segmento chegou aos 126,9 pontos, um aumento de 5%, e os investimentos apresentaram leve aumento de 0,2%, com 102,4 pontos.Na avaliação por grupo de atividade, os comerciantes de produtos semiduráveis são os menos otimistas, com uma confiança menor em -7,6% (89,9 pontos). O mesmo aconteceu com os produtos duráveis, que recuou 2,7%, registrando 94,2 pontos. Diferente dos demais grupos, o de produtos não duráveis foi o único que cresceu, 2,5% e 96,1 pontos.
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