Consumo das famílias capixabas segue retraído

É a oitava mínima registrada desde novembro do ano passado.Especialistas preveem cenário ainda pior até o fim do anoEm meados de julho os estudantes brasileiros saem para um período de férias mais curto, que dura até o início de agosto – o chamado recesso escolar. A economia brasileira, por outro lado, está em recessão há alguns anos e sem data para voltar ao patamar de crescimento mínimo. O índice que aponta a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no mês, que marca a virada para o segundo semestre de 2015, traz sua pior marca da série histórica – 73 pontos.O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, vê o baixo índice como um sinal pessimista para o restante do ano. “Julho é considerado um mês de alta temporada, por que as famílias aproveitam o período de recesso escolar de seus filhos para viajar ou presenteá-los de alguma forma. É um mês tipicamente familiar, mas que este ano, em função da crise, esta com o consumo freado”, diz.Situação do emprego e salárioApesar de a situação do emprego trazer mais segurança do que no ano passado (29,7%) ou estar igual (28,7%), a negativa quanto à perspectiva profissional para os próximos seis meses atinge 61,3% dos entrevistados. A situação da renda também está pior para 45,9% desses, enquanto 34,6% está igual o ano passado.Para o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Gêneros Alimentícios do Espírito Santo Waldês Calvi, apesar das ações do Governo, o panorama deve continuar. “O Governo esta se esforçando, mas as medidas não têm sido efetivas. A desoneração, por exemplo, é muito complicada de ser aplicada no comércio, porque se eu reduzo a jornada de trabalho do meu profissional, eu terei de fechar a loja mais cedo. Isso implica numa queda acentuada nas vendas e nos fundos que terei para pagar os salários dos meus funcionários, por exemplo”, diz.Acesso ao crédito e consumoO acesso ao crédito ou ao empréstimo está mais difícil para 40,8% dos entrevistados, sendo que 43,2% recebem até dez salários mínimos. Para Sepulcri, o cenário econômico atual dificulta as vendas. “O elevado custo do crédito, com juros altos, e do nível de endividamento refletem diretamente no poder de compras a prazo das famílias, sendo os principais responsáveis pelas constantes quedas no consumo”, destaca.O consumo das famílias também cai e 52,1% estão consumindo menos do que no ano passado. Essa mesma régua serve para medir a perspectiva de consumo para todo o segundo semestre que deverá ser menor para 50,9%, dos quais 51,4% recebem menos do que dez salários mínimos e 47,8% mais de dez salários mínimos.Se está difícil consumir, as famílias continuam dando prioridades aos chamados “itens de primeira necessidade”. Portanto, 62,8% veem o atual momento como impróprio para o consumo de bens duráveis – categoria que engloba eletrodomésticos, som, televisores, entre outros.Apesar da queda no consumo atual, Calvi acredita que a situação ainda pode se agravar. “Existe uma falta de confiança por parte do consumidor. As pessoas que foram atingidas pelas últimas grandes barcas de demissões ainda estão contando com o seguro- desemprego. Mas daqui a seis ou sete meses ele será cortado e se essas pessoas não forem recolocadas no mercado de trabalho, suas reservas financeiras acabarão. Logo, o consumo cairá ainda mais, a inadimplência aumentará e teremos um cenário ainda pior do que o que temos agora, que já não é nada bom”, ressalta.

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