Após sucessivas quedas, sobe número de endividados na Capital

Pesquisa, que mede o índice de endividamento e inadimplência, aponta os cartões de crédito como sendo o principal tipo de endividamentoApós cinco meses de queda, o número de endividados volta a subir em abril. Segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), aumentou dois pontos percentuais entre março e abril, chegando a 61,8%, cerca de 77.789 endividados. Em números absolutos são 2.575 pessoas endividadas a mais no último mês, na capital capixaba, de acordo a Peic, divulgada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES).Entre os endividados, os cartões de crédito continuam a ser o principal tipo de endividamento (62,8%), seguido pelos carnês (30,9%), crédito pessoal (25%) e cheque-especial (11,1%). Ainda entre os endividados, 11,2% se consideram muito endividados neste mês de abril. Outros 38% dos entrevistados afirmam não possuir dívidas deste tipo. Os próximos meses serão decisivos para traçar o panorama do poder de compra e de pagamento do capixaba, em função do alto índice de desemprego registrado nos últimos meses, segundo o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri. “Muita gente ainda estava conseguindo manter as contas em dia por conta do seguro-desemprego. Acontece que ele está vencendo e o emprego ainda não retornou. As contas de quem não conseguir uma recolocação no mercado de trabalho tendem a atrasar mais e o número de endividados e inadimplentes deve crescer na mesma proporção”, analisa.Contas em atraso e condições de pagamentoDentre as famílias endividadas, 55,5% declararam não possuir contas em atraso – destes, 92,9% recebem mais do que dez salários mínimos. Por outro lado, 43,9% assumiram não estarem conseguindo manter seus compromissos em dias, e 49,7% deste grupo recebe menos do que dez salários mínimos.Ao todo, 40,8% acreditam que não terão condições de pagar estas contas em atraso no próximo mês, e 38,9% terão condições de pagá-las parcialmente e 20,3% acreditam que conseguirão deixar a inadimplência em maio.Tempo de atraso, tempo de comprometimento e parcela da renda comprometidaAs contas em atraso superam os 90 dias para 46,9% dos inadimplentes. 34,5% possuem dívidas atrasadas entre 60 e 90 dias e outros 18,2% têm dividas com até 30 dias de atraso.51,4% das famílias passarão entre seis meses e um ano pagando dívidas, enquanto 30,2% terão entre os próximos três e seis meses para pagá-las. As famílias que passarão mais de um ano nesta condição somaram 14,2%.Em relação à parcela da renda comprometida com o pagamento de dívidas, 81,5% têm entre 11% e 50% dos seus vencimentos direcionados a este fim. 13,7% dos entrevistados utilizam até 10% de sua renda neste sentido e outros 3,8% destinam mais da metade do que ganham apenas para o pagamento de dívidas. Em média, 28% da renda mensal da família está comprometida com pagamento de dívidas, sendo abaixo da média brasileira que, de acordo com o Banco Central, é de 30%. O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Cariacica, José Antônio Pupim, vê uma tendência de diminuição do tempo de pagamento, em função do receio do desemprego. “As pessoas estão fugindo dos juros, por que quanto maior o parcelamento, mais altos serão os juros cobrados. Outro fator que explica esta situação é a instabilidade profissional. Então as pessoas estão procurando deixar todas as suas contas em dia no menor prazo possível, pois não sabem se estarão empregadas amanhã”, afirma.

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