Alto endividamento e baixo consumo em Vitória

A combinação desses fatores tem afetado o comércio da capital capixabaMesmo diante de um período de baixo consumo, o número de endividados na capital do Espírito Santo aumentou. O número de famílias de Vitória que declararam possuir dívidas aumentou mais uma vez no mês de maio passando de 61,8% em abril para 65,2%, de acordo com Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) divulgada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Espírito Santo (Fecomércio-ES). O total corresponde a cerca de 82 mil famílias endividadas. No Brasil, o percentual de famílias endividadas ficou em 58,7%. Por outro lado, em maio, a quantidade de inadimplentes caiu de 27,1% para 25,7% das famílias e o de famílias que afirmaram que não terão condições de honrar seus compromissos ficou estável, em 11,7%. Na comparação com maio de 2015, o endividamento foi menor em 4,5 pontos percentuais (60,7%), bem como o percentual de inadimplentes (22,1%) e o daqueles que declararam não ter condições de honrar as dívidas (6,6%).O aumento das despesas do consumidor e a escassez de chuvas têm impactado o cenário de endividamento no interior, segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Linhares, Ilson Alves Pessoa. “O que acontece na capital é o mesmo que ocorre em todos os municípios do Estado, que é a redução de compra, aumento da despesa, alta carga tributária, desemprego, fechamento de lojas, que afetam no aumento do endividamento do consumidor e na redução do consumo. O comércio em geral, aqui na região, ainda lida com a dependência de outros setores como agricultura, pecuária, que com a falta de chuva interfere diretamente nas produções”, explica.Os números da PEIC refletem fatores responsáveis pela redução do ritmo do comércio. Além da intenção de consumo das famílias permanecer em baixa – indicada pela pesquisa Intenção de Consumo das Famílias (ICF) – o endividamento das famílias está em alta. Comprometimento da rendaO percentual de famílias que não
terão condições de pagar suas dívidas (11,7%) é preocupante, pois mostra
aumento significativo em relação ao ano passado (6,6%) e sinaliza para o
aumento da inadimplência para os próximos meses.Entre os
endividados, a parcela de comprometimento da renda das famílias com
dívidas (como por exemplo, cheques pré-datados, cartões de crédito,
carnês de lojas, empréstimo pessoal, prestações de carro e seguros)
corresponde a 29,4%. A maior parte das famílias possui comprometimento
entre 11% e 50% da renda com esses débitos.A Pesquisa mostra
queda da qualidade do endividamento com aumento da parcela da renda das
famílias comprometida com o pagamento das dívidas, que está no limite, e
do percentual considerável dos consumidores que não terão condições de
pagar suas dívidas. A assessora de economia da Fecomércio-ES,
Revieni Zanotelli, destaca que o recomendável é que o comprometimento da
renda com prestações de lojas e bancos não ultrapasse 30% da renda
familiar, já que outros gastos, chamados essenciais, ocupam metade do
orçamento familiar (como moradia, transporte, supermercado, contas de
casa de água, de luz e de telefone, educação e saúde). Além disso, é
indicado que as famílias façam uma reserva financeira para emergências.

Tipos de dívidaEm relação ao tipo de dívida, houve uma queda no número de famílias
endividadas com cartão de crédito nos últimos meses em detrimento do
crescimento de famílias endividadas com crédito pessoal. O crédito
pessoal era uma dívida de 8% das famílias em maio de 2015 e em maio de
2016 atingiu 28%. O cartão de crédito diminuiu sua representatividade de
75% em maio de 2015 para 58% em maio de 2016, mas continua sendo o
principal tipo de dívida das famílias de Vitória.“O crédito
pessoal vem ganhando espaço, o que poderia ser positivo, por ser uma
opção mais barata que o cartão de crédito. Entretanto, os juros do
empréstimo pessoal, embora menores que os do cartão de crédito, estão
num patamar elevado. O aumento dos juros, que é o custo do crédito,
contribui para o aumento do comprometimento da renda, o que pode vir a
resultar em um aumento da inadimplência” destaca o presidente da
Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri.

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