Vendas no varejo capixaba fecham 2016 com menor índice já registrado
Crise econômica e política, além dos prejuízos causados pela queda da barreira em Mariana-MG, são apontados como principais causas para esse resultado
A Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), realizada pelo IBGE, revelou que, após duas altas mensais em outubro e novembro, o comércio capixaba apresentou retração no último mês de 2016, registrando uma queda de 2,6% em dezembro em relação ao mês anterior. Na comparação com dezembro de 2015, o cenário também foi de queda, com recuo de 7,9% para o Espírito Santo e 4,9% para o Brasil.
As atividades pesquisadas apresentaram queda no volume de vendas em dezembro de 2016 em relação a dezembro de 2015, a única exceção foram as vendas de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos, que tiveram 0,4% de incremento. Já o maior recuo nessa comparação foi relativo às vendas de Móveis e Eletrodomésticos que caíram 27,5% no comparativo com o mesmo período do ano anterior.
Faturamento anual
Com a última pesquisa do ano divulgada, o fechamento de 2016 para o comércio do Espírito Santo mostrou uma queda de 10,6% para o varejo restrito e 15% para o ampliado, em comparação com o ano de 2015. Esse foi o pior resultado registrado desde que a série foi iniciada em 2001, e não se distanciou da projeção feita pela Fecomércio-ES, que previa uma retração de 10,5% no varejo restrito e 15% no varejo ampliado.
De acordo com o presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, esse é o resultado de um ano em que as vendas do comércio capixaba sofreram muita volatilidade e as perdas acumuladas foram grandes: “No Espírito Santo em particular, além da crise econômica e política brasileira, a seca extrema especialmente nas regiões Norte e Noroeste do estado afetaram a economia local. Além disso, o estado também sofreu muitas perdas devido a queda da barragem em Mariana-MG, como a paralisação da usina de pelotização no município de Anchieta-ES”, relembra.
O grande desafio é recuperar a intenção de consumo das famílias que está muito afetada pela perda dos empregos. Ao contrário da confiança dos empresários, a confiança dos consumidores abriu o ano um pouco melhor. Depois de várias quedas consecutivas em 2016 obteve crescimento no primeiro mês de 2017, entretanto, permanece no nível de insatisfação.
Para o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio de Colatina, Carlos Roberto Zorzaneli, a expectativa para o ano de 2017 continua positiva, embora ele reconheça a importância da cautela no momento: “Com as novas medidas anunciadas recentemente pelo governo, esperamos que o comércio retorne a seu ritmo normal lentamente, é tempo de cautela, mas confiança”.
Fechamento de lojas em 2016
Como resultado da crise, de acordo com o levantamento da Confederação nacional do Comércio (CNC), o Espírito Santo registrou fechamento líquido de 3.005 lojas do varejo, número 8% menor que em 2015, quando 3.265 lojas fecharam definitivamente suas portas em solo capixaba.
O varejo no Brasil também registrou um saldo negativo, entre aberturas e fechamentos, de 108,7 mil estabelecimentos comerciais (com vínculo empregatício) durante o ano passado.
Apesar do grande número de lojas fechadas ao longo do ano, observou-se uma desaceleração desse movimento a partir da segunda metade do ano passado. De janeiro a junho de 2016, o comércio capixaba perdeu 1.872 pontos de venda, 62% do total, e no segundo semestre, registrou o fechamento líquido de 1.113 lojas, 38% do total.
O cenário de crise econômica e política, que tem sido enfrentado por todo o país, tem influenciado diretamente a confiança dos empresários e consumidores apresentando, como consequência, a retração nas vendas. Os altos índices de desemprego, os juros altos e a inflação que, mesmo cedendo no final corroeram por boa parte do ano o poder de compra do consumidor, foram fatores determinantes. Esse cenário também fez com que parte dos comerciantes readequasse seus investimentos, provocando também o fechamento de estabelecimentos.
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