Reduz o número de capixabas endividados na capital
Fevereiro segue tendência de queda e registra 59,6% de endividados, mas vê aumento no índice de inadimplentesOs capixabas estão controlando os gastos nesses primeiros meses do ano. A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) mostra que em fevereiro o número de famílias endividadas na capital capixaba caiu 2,3% em relação à janeiro, quando o aumento chegou a 10,6%. Ao todo, 63.282 (59,6%) consumidores de Vitória estão endividados.A relação de pessoas que não terão condições de pagar dívidas em atraso também sofreu redução (1,1%) no último mês, chegando a 4.259 o número de endividados impossibilitados de quitar seus débitos. Por outro lado, as famílias endividadas com contas em atraso cresceu 1,2% em fevereiro, atingindo 19.153 capixabas, o que pode ser reflexo dos ajustes feitos pelo Governo, que acabou interferindo no orçamento das famílias capixabas. Para o presidente da Fecomércio, José Lino Sepulcri, a crise enfrentada pelo país no último ano desencorajou o endividamento. “As festas de fim de ano costumam consumir uma boa parte da renda familiar nos primeiros meses do ano, mas a instabilidade econômica enfrentada em 2014 influenciou para que as famílias não contraíssem mais dívidas, pagassem débitos anteriores e guardassem o dinheiro para obrigações fixas como IPVA, IPTU e material escolar. Além disso, o aumento na conta de energia, a escassez hídrica e o aumento no valor dos produtos que compõem a cesta básica, por exemplo, acabam afetando no orçamento familiar”, afirmou.Entre as principais causas para o endividamento, o cartão de crédito aparece em primeiro lugar (73%), como o principal meio utilizado pelos capixabas para fazer compras, seguido dos financiamentos de carros (13%), carnês (9,4%), crédito pessoal (9,2%) e cheque-especial (8,6%).Sobre os números “No começo ouvíamos essas estatísticas, mas não tínhamos noção do quanto isso impactava no nosso negócio”. Essas são as palavras do presidente do Sindilojas de Vila Velha, José Carlos Bergamin. De acordo com ele, o final/começo de ano desequilibrou as finanças das famílias capixabas, que já não vinham muito bem.“Todos os clientes reclamam de não poder pagar dívidas e acabam deixando de comprar por, realmente, não terem como comprar. Isso é consequência de dezembro, onde o povo mal respira e já enfrenta a volta às aulas e o carnaval. O alto-verão (janeiro-fevereiro-março) praticamente inexistiu para o comércio, por que o orçamento dos clientes está tão comprometido que sequer as liquidações, bastante comuns no período, vingaram”, completou.Tempo de atraso, comprometimento e parcela da renda para honrar dívidasAs dívidas acumuladas à longo prazo chamam a atenção. A Peic aponta que 45,9% das famílias de Vitória estão endividadas há mais de três meses, enquanto 34,4% possuem dívidas com até 30 dias e 18,1% entre 30 e 90 dias. O comprometimento do orçamento familiar corresponde ao tempo de atraso e faz com que 35,2% dos consumidores dediquem mais de um ano de trabalho para pagá-las. Outra parte (37,7%), entretanto, acredita que conseguirá saná-las em até três meses.O fim das dívidas está ligado ao planejamento quanto ao comprometimento da renda familiar mensal à ser empregada no pagamento das parcelas em atraso. Assim, 43,2% dos consumidores da capital capixaba utilizarão até 10% da renda mensal familiar para o saneamento das dívidas. O grupo que comprometerá entre 11% e 50% da sua renda contabiliza 38,4% e contam com 40,2% de pessoas que possuem renda familiar mensal acima dos dez salários mínimos.O fenômeno pode ser explicado pela facilidade na obtenção do crédito, de acordo com o diretor financeiro da Fecomércio-ES, Marcus Magalhães. Na opinião do especialista, o crédito fácil aliado à estagnação da renda da população podem ser considerados decisivos para o endividamento. “Ao conseguir o crédito o consumidor se satisfaz emocionalmente e aquilo até parece bom num primeiro momento, mas quando ele resolve raciocinar e colocar tudo na ponta do lápis percebe que a sua renda familiar é insuficiente para honrar aquele compromisso e é a partir daí que surgem as inadimplências”, destaca.
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