
Quem passa frequentemente pela Terceira Ponte sabe que o trecho, que liga os municípios de Vitória e Vila Velha, é um dos principais gargalos no trânsito da Região Metropolitana. Um estudo de mobilidade urbana para melhorar o trânsito no local foi apresentado pelo engenheiro civil Luiz Carlos Menezes na reunião da Comissão de Infraestrutura nesta segunda-feira (07). A reunião foi presidida pelo deputado Marcelo Santos (PMDB) e contou com a presença dos deputados Esmael de Almeida (PMDB) e Jamir Malini (PP).
Menezes afirmou que a Terceira Ponte tem 27 anos e começou a apresentar sinais de saturação há quase uma década. Mais conhecida como Terceira Ponte, a Ponte Darcy Castello Mendonça é a maior obra já realizada no Espírito Santo e possui 3,33 km de extensão, com um vão principal de 70 metros de altura.
A construção, que virou um cartão postal do Estado, começou a ser feita em 1978 e foi concluída em 1989. Menezes explicou que a ponte é muito ampla, o que permite a implantação de uma nova faixa de cada lado, sem a necessidade de obras.
“A ponte foi planejada como uma ponte rodoviária. Ela é muita larga porque foi pensada como autoestrada, uma via de velocidade. Há espaço suficiente para a implantação de uma nova via, a exemplo do que já aconteceu em São Paulo”, explicou. Na Avenida 23 de Maio, que liga as regiões Norte e Sul da cidade de São Paulo, foi aplicada a redução no tamanho padrão das faixas, de acordo com o engenheiro.
Seis faixas
Atualmente, a ponte possui quatro faixas de tráfego (com 3,50 metros de largura, além das folgas, totalizando largura total de 18 metros). Uma das sugestões é a reorganização da via de modo a comportar seis faixas: em cada lado, duas faixas com 2,80 metros e uma faixa 3,05 preferencial para ônibus. A nova largura da faixa, apesar de mais estreita, está dentro dos padrões estabelecidos pelo Conselho Nacional de Trânsito para tráfego rodoviário.
Além disso, Menezes garante que a alteração não vai deixar o trecho menos seguro. “É comprovado que, em vias mais estreitas, o motorista tende a andar mais devagar. É uma coisa intuitiva, automática”. A mudança sugerida também inclui a redução do tamanho da separação central da ponte, atualmente de 2,70 metros. O engenheiro propõe a implantação de uma estrutura central metálica que ocupe menos espaço.
O engenheiro explicou que a sugestão, para ser implantada, exige uma decisão política e acredita que a mudança é emergencial, diante do progressivo aumento do tráfego na Terceira Ponte, e viável. “É uma solução de baixo custo, tecnicamente segura e de pouco impacto para os usuários durante o processo de implantação. Não exige obra. A mudança é basicamente operacional”, concluiu.
Pedágio
O pedágio também entra nas sugestões do engenheiro. “Nas minhas pesquisas, não consegui identificar nenhuma ponte que cobre o pedágio em dois sentidos. Detectei que é a praça de pedágio o grande gargalo da Terceira Ponte. Ela causa engarrafamento em toda a ponte, com impactos para a cidade. Por isso, a proposta é manter o pedágio apenas em um sentido”, concluiu.
Apesar de sua pesquisa ser um projeto conceitual e básico, a ideia seria manter a cobrança apenas no sentido Vila Velha – Vitória, aumentando o número de cabines em dinheiro (de 5 para 9) e cobrança automática (de 2 para 3).
A essa nova estrutura de cobrança, Menezes acrescenta também um novo acesso à ponte, da Reta da Penha. “A Praça do Cauê (um dos atuais acessos) perdeu sua finalidade como praça e sofre muito com o engarrafamento da Terceira Ponte por ser local de acesso. A sugestão é um acesso direto da Reta da Penha à Terceira Ponte”, acrescentou.
Questionamentos
Cada vez mais presentes no trânsito, as bicicletas foram lembradas durante a reunião. O deputado Esmael de Almeida (PMDB) questionou se o estudo apresentado analisou o uso da Terceira Ponte pelos ciclistas. Menezes explicou que a Terceira Ponte não foi pensada como via para o ciclista, especialmente no uso da “bike” como meio de transporte diário. “Para o ciclista, a Terceira Ponte necessita de um projeto especial. As sugestões apresentadas são medidas operacionais, de baixo custo, que melhorariam muito a mobilidade local. Mas, para outras coisas, precisamos de intervenções, projetos e obras. Esse é o caso da bicicleta”, explicou o engenheiro.
Outro questionamento foi sobre a instalação de uma grade de proteção para evitar tentativas de suicídio no local. “No projeto, nós não colocamos essa rede de proteção. Mas acredito que não há nenhum impedimento. A rede não vai interferir na instalação das seis faixas. Teria apenas um custo maior”, ponderou.
Deliberações
A Comissão de Infraestrutura vai encaminhar o estudo sobre a Terceira Ponte para a Agência Reguladora de Serviços Públicos (Arsp). “Vamos pedir que a agência, junto com a concessionária, analisem a implantação dessas mudanças. Para a comissão, pode ser bastante viável, especialmente porque o custo é baixo, não interfere na segurança dos usuários e haverá um impacto muito positivo na mobilidade. Queremos uma resposta sobre a viabilidade desse projeto”, disse Marcelo Santos.