Intenção de consumo dos capixabas registra menor nível histórico pelo segundo mês consecutivo
Aceleração dos preços, custo elevado do crédito, alto nível de endividamento, inflação e juros refletem na baixa intenção de compras
As famílias capixabas seguem com o consumo reduzido. Em março, a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES) atingiu o menor índice, 94,4 pontos, desde julho de 2011. Na comparação com fevereiro, o índice registrou queda de 7,9 pontos, e chegou a atingir 21,9 pontos comparado com março do ano passado (116,3 pontos).O ICF ficou abaixo da zona de indiferença (100 pontos) que indica um nível desfavorável, e baixa disposição para o consumo. As famílias com até 10 salários mínimos registraram neste mês 94,6 pontos, redução de 8,4 pontos comparado com o mês anterior. Já as famílias com mais de salários mínimos apresentaram 93,2 pontos e retraíram 4,9 pontos ante fevereiro.“A manutenção do nível elevado de endividamento e inadimplência, o alto custo do crédito e a aceleração dos preços influenciaram negativamente no resultado do indicador em março, reduzindo assim o poder aquisitivo de compra das famílias” revela o presidente da Fecomércio-ES, José Lino Sepulcri.Emprego e rendaO cenário de incertezas econômicas tem interferido na segurança das famílias em relação ao mercado. A satisfação com o emprego atual reduziu em março e registrou 125,2 pontos ante 138,8 pontos em fevereiro. E o nível de pessoas desempregadas sofreu leve aumento de 0,4 pontos.O mesmo ocorre com a perspectiva profissional para os próximos meses, que segue abaixo da linha dos 100 pontos. Dos capixabas que vivem na capital, 52,4% não estão confiantes, e 43,6% apostam em um cenário melhor.Incertezas das famílias e certeza de piora entre os empresários, segundo o presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio e do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de São Gabriel da Palha, Vila Valério, Águia Branca e São Domingos do Norte, Audenir Gomieri. “A situação é preocupante. Tenho 46 anos de atividade empresarial e nunca vi um desânimo tão grande entre os empresários. Nas quatro cidades na qual o nosso Sindicato atua, cerca de 60 empresas já fecharam as portas só em 2015 e com uma expectativa de consumo tão baixa por parte das famílias, a tendência é que cresçam o desemprego e o número de empresas fechadas”, disse.O aumento de gastos em transporte e em produtos, como a gasolina, medidos pelo IPCA, encareceram e comprometeram o orçamento das famílias. Por isso, a situação com a renda atual também não está boa. O indicador retraiu de 101,5 em fevereiro para 96,3 pontos neste mês. A maioria dos capixabas considera que a renda está pior (31,6%), enquanto 27,9% afirmam que melhorou.Consumo atualPara as famílias capixabas, a dificuldade em conseguir acesso ao crédito também interferiu no consumo. Em março, o indicador reduziu 9,4 pontos e 31,2% afirmam está mais difícil conseguir crédito, enquanto 37,5% afirmam esta mais fácil.Mais uma vez, o consumo atual reduziu, passando de 84,9 pontos para 78,8 pontos. A queda de 6,1 pontos é reflexo também do alto nível de endividamento das famílias, que acaba inibindo as compras. O número de pessoas que estão comprando mais retraiu 2,5% e o de pessoas que estão comprando menos aumentou (1,7%).A perspectiva de consumo segue em baixa, com 83,1 pontos antes 100,5 pontos em fevereiro. Neste mês, 39,9% dos capixabas afirmam que o consumo está menor comparado do segundo semestre do ano passado, enquanto apenas 23,1% afirmam que aumentou.Para 49,6% das famílias, o momento não é propício para a compra de bens duráveis, que neste mês retraiu 6 pontos, passando de 88,7 pontos em fevereiro para 82,7 pontos neste mês. Diferente do indicador geral, o momento de compras de bens duráveis é ideal para as famílias com mais de 10 salários mínimos, que subiu de 75,6 pontos para 80,3 pontos.
Fique atualizado
Assine e receba nosso conteúdo em sua caixa de entrada.