Inadimplência das famílias de Vitória segue alta

Elaboração: Assessoria Econômica Fecomércio-ES

Em agosto o endividamento das famílias de Vitória cresceu um ponto percentual (p.p.) em relação a julho, passando a 76,5%, o que representa pouco mais de 97 mil famílias endividadas na capital do Espírito Santo, como mostra a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada pela Fecomércio-ES. Em relação a agosto de 2016, o endividamento ficou 13,2 p.p. acima do valor registrado naquele mês.

A inadimplência permaneceu praticamente estável em relação à julho, marcando 54,8% do total de famílias de Vitória. Em relação ao mesmo mês do ano passado, o percentual teve uma alta de 26,4 p.p. Apesar da pequena variação, esse percentual, que vem subindo desde maio, atingiu novo nível máximo, obtendo o maior registrado pela pesquisa iniciada em 2010. Já o percentual das famílias que afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso caiu na passagem de julho para agosto e se manteve no mesmo patamar de agosto do ano passado, em 6,3%.

Em relação ao mês anterior, observa-se um recuo das dívidas no cartão de crédito e no cheque especial e, crescimento das dívidas com carnês e crédito pessoal. O cartão de crédito permanece como principal tipo de dívida das famílias de Vitória, mas recuou sua representatividade de 59,6% para 50,5% em agosto.

O cheque especial recuou 4,8 p.p. em relação ao mês anterior, representando 26,5% das dívidas da família. Já a utilização do carnê e do crédito pessoal, modalidades mais baratas de crédito, voltou a crescer: o carnê passou de 46,5% em julho para 50,1% em agosto e o crédito pessoal passou de 42,8% em julho para 49,0% em agosto.

Entre os endividados, a parcela de comprometimento da renda com dívidas em agosto caiu para, em média, 17,9% (como por exemplo, cheques pré-datados, cartões de crédito, carnês, empréstimo pessoal, prestações de carro). O percentual ficou no menor nível da série histórica do índice sendo resultado, principalmente, da diminuição dos custos do crédito não só pelo efeito da queda nas taxas de juros em geral, mas também da substituição do crédito mais caro pelo crédito mais barato, o que provoca uma diminuição do impacto da parcela do empréstimo na renda mensal. Entre as famílias com contas ou dívidas em atraso, o tempo médio de atraso para o pagamento foi de 60 dias.

Comentários

O mês de agosto foi marcado pela estabilidade dos indicadores em relação ao mês anterior: registrou um leve crescimento do endividamento das famílias e manteve o percentual de inadimplência em nível elevado. O percentual das famílias que afirmaram que não terão condições de pagar suas dívidas em atraso ficou em 6,3% na mesma comparação.

A inadimplência em nível elevado é o indicador mais preocupante. No malabarismo para fazer frente às despesas do orçamento mensal, as famílias acabam recorrendo ao “crédito imediato”, de custo mais caro (como cartão de crédito e cheque especial). Isso ocorreu com mais intensidade no início do ano de 2017, caindo em maio e junho, e voltando a crescer no mês de julho. E os reflexos continuam sendo sentidos em agosto. Toda vez que esse tipo de crédito é adotado as famílias assumem o risco de a dívida aumentar significativamente em um curto espaço de tempo frente a qualquer imprevisto que venha impedir o pagamento no prazo determinado.

Apesar da queda nos juros e na inflação, as famílias ainda encontram dificuldades de equilibrar as contas. Certamente dívidas adquiridas em período anterior ao desemprego ainda estão sendo contabilizadas nos indicadores atuais de endividamento e inadimplência, sobrepondo às despesas cotidianas. Com a perda de parte dos empregos a capacidade de pagamento da família foi afetada, dificultando o cumprimento dos compromissos. Embora o mercado de trabalho esteja sinalizando uma melhora, as perdas foram grandes e levará um tempo para o efeito ser sentido sobre o orçamento familiar e retomada do consumo.

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