IJSN divulga resultados da economia capixaba no primeiro trimestre de 2020
Os resultados da economia capixaba para o primeiro trimestre de 2020 foram divulgados nesta quarta-feira (17) pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), em evento on-line. Na variação acumulada do ano, os setores da Indústria e Serviços contribuíram negativamente para o indicador, -13,3% e -2,4% respectivamente, parcialmente compensadas pela alta no Comércio Varejista Ampliado (+4,4%).Os resultados do indicador no trimestre em análise mostram queda de -1,2% no confronto com o trimestre imediatamente anterior (com ajuste para a sazonalidade) e de -1,7% nas comparações com o mesmo trimestre do ano anterior e no acumulado do ano (janeiro a março de 2020).Comparados aos resultados nacionais, o PIB capixaba apresentou desempenho inferior em três bases de comparação. Na comparação contra o trimestre anterior, a economia capixaba (-1,2%) apresentou desempenho melhor que a brasileira (-1,5%).Os dados constam no Indicador Trimestral de PIB, uma estimativa calculada trimestralmente pelo IJSN, de modo a anteceder o PIB anual, cujos resultados apresentam defasagem de dois anos. O cálculo do PIB Estadual é realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).“Os resultados começam a captar os efeitos da pandemia do novo Coronavírus, considerando que as medidas de mitigação do vírus tiveram início em meados de março, último mês do trimestre em análise no relatório do IJSN”, pontua o diretor-presidente do IJSN, Pablo Lira.Considerado o resultado do acumulado do ano (-1,7%), a contribuição negativa da Indústria, ocorreu em razão da queda na Indústria Extrativa (-25,5%) e na Industria de Transformação (-1,2%). Em contrapartida, a contribuição positiva do Comércio Varejista Ampliado foi influenciada pelo crescimento no Varejo Restrito (+2,1%) e em Veículos, motocicletas, partes e peças (+6,4%).“O setor industrial já vinha apresentando queda, enquanto os Serviços e o Comércio seguraram a economia estadual em 2019. Mas, como já sabemos, o Comércio foi impactado pela pandemia. Esses efeitos foram sentidos mais fortemente a partir de abril – dado ainda não captado nesta estimativa. Em março, o setor já iniciou uma retração, entretanto ainda não suficiente para negativar o resultado do Comércio no primeiro trimestre”, completou Pablo Lira.O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Lino Sepulcri, também participou do evento online. “Os dados apresentados são muito importantes para todo o setor produtivo e nos fazem refletir o desafio econômico pelo qual o mundo todo passa neste momento. Estávamos numa situação até então confortável no nosso Estado e a nossa previsão era de crescimento. Mas em março fomos surpreendidos pela chegada do Coronavírus e pelos decretos necessários, no sentido de amenizar a pandemia, o que trouxe reflexo negativo ao faturamento do Comércio”, observou.Sepulcri destacou ainda a importância da responsabilidade compartilhada entre o empresariado, setor público e população capixaba, ressaltando o distanciamento social como “o único remédio que temos até agora” contra o Covid-19.“O Espírito Santo se mostra como um Estado vitorioso por estar bem à frente da maioria dos estados do país, mantendo o equilíbrio nas contas públicas. A situação econômica é importantíssima, porém, a vida é mais importante. A compreensão que temos do Governo nos traz um certo otimismo e nos faz refletir de forma positiva. Mesmo que o funcionamento não-contínuo dos estabelecimentos comerciais não nos contemple integralmente, nos dá um respiro e um estímulo maior. A Federação tem feito seu papel junto ao Governo. É hora de todos nos darmos as mãos. É uma responsabilidade de todos nós”, afirmou o presidente da Fecomércio-ES.O diretor-presidente do IJSN, Pablo Lira, também ressaltou “a importância de ações integradas do Governo Estadual e do setor produtivo, com a participação especial da Fecomércio, no estabelecimento de protocolos de proteção para o restabelecimento gradativo de atividades econômicas em meio à convivência com a pandemia e no caminho da construção do novo padrão de normalidade”.Por sua vez, a produção agrícola mostra contribuições que vão em diferentes direções, conforme a cultura que se observa. Das dez principais lavouras, há expectativa de queda em quatro e expansão em seis: Café Conilon (-6,4%), Café Arábica (+33,4%), Pimenta-do-reino (+7,5%), Tomate (-2,2%), Banana (+2,9%), Mamão (+8,3%), Cana-de-açúcar (-6,9%), Cacau (+2,8%), Coco (+0,6%) e Abacaxi (-16,2%).Com os resultados, a estimativa do PIB nominal do Estado do Espírito Santo no primeiro trimestre de 2020, em valores correntes, foi de R$ 29,9 bilhões. Em valores acumulados dos últimos quatro trimestres, o PIB nominal capixaba totalizou R$ 125,0 bilhões.Panorama EconômicoNa mesma ocasião, também foi divulgado o Panorama Econômico do Espírito Santo referente ao primeiro trimestre de 2020. O documento apresenta uma análise detalhada dos desempenhos setoriais registrados pelo PIB Trimestral (Indústria, Comércio e Serviços), além de dados do Comércio Exterior, Inflação e Mercado de Trabalho.“Estamos antecipando a nossa previsão de PIB estadual, considerando o momento desafiador pelo qual as economias estadual, nacional e mundial estão passando. Neste sentido, lançamos hoje três documentos com dados do trimestre: a estimativa de PIB, o Boletim da Balança Comercial e o Panorama Econômico, que finaliza todo esse arcabouço analítico cuja finalidade é garantir a transparência da situação econômica para a população capixaba, empresariado e subsidiar o planejamento do setor público”, ponderou o coordenado de Estudos Econômicos do IJSN, Antônio Ricardo Freislebem da Rocha.Em relação ao comércio exterior capixaba, o primeiro trimestre de 2020 foi de queda, com baixa de -23,7% nas exportações e de -6,6% nas importações. Estados Unidos e Países Baixos seguiram no topo dos destinos das exportações do Espírito Santo, com 32,49% e 7,71%, respectivamente de participação. A China voltou a ocupar o terceiro lugar, com 7,23%. A China também foi a principal origem das importações do estado, com 22,04% de participação, enquanto os Estados Unidos caíram para o segundo lugar, com 13,80%, seguido da Argentina, que manteve a terceira posição, com 8,66%.As exportações do agronegócio capixaba alcançaram US$ 302,7 milhões no primeiro trimestre de 2020, redução de -4,4% em relação ao trimestre anterior, decorrente das menores vendas de café (-22,8%). Os principais produtos exportados no trimestre foram celulose (46,9% do total exportado), café em grão (33,5%) e pimenta (8,3%). A participação das exportações do agronegócio no total exportado pelo estado no trimestre atingiu 20,6%.Antônio falou ainda sobre a relevância do Comércio Exterior para a economia capixaba: “O grau de abertura capixaba, ou seja, o quanto o nosso PIB se relaciona com o comércio exterior, é muito maior do que o nacional. No trimestre em análise, o grau de abertura capixaba foi de 41,6%, quase o dobro do brasileiro, que foi de 23%”, explicou ele.Sobre o mercado de trabalho, a publicação apontou que a taxa de desocupação no Espírito Santo no primeiro trimestre de 2020 foi estimada em 11,1%, mantendo-se estatisticamente estável em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. No mercado formal, o estoque de empregos no Estado alcançou o patamar de 730.496 vínculos, queda de -0,11% em comparação ao registrado no trimestre anterior (731.275). Comércio (-2.795) e Serviços (-192) apresentaram os piores desempenhos, enquanto Construção (+1.194) e Indústria (+993) apresentaram os melhores desempenhos no trimestre.A inflação no primeiro trimestre na Região Metropolitana da Grande Vitória (RMGV) ficou em +0,8%, influenciada principalmente pelos grupos Alimentação e bebidas (+2,5%) e Educação (+5,6%). No indicador anualizado (acumulado em quatro trimestres), a inflação atingiu +2,8% na RMGV, abaixo do Brasil (+3,3%) e abaixo do centro da meta estabelecida para a inflação brasileira no ano (4,0%).Fonte: Instituto Jones Santos Neves