Artigo: Desenvolvimento do turismo em territórios de baixo dinamismo econômico

A capacitação da mão de obra é um dos pilares para o sucesso do turismo. O incentivo ao empreendedorismo também é essencial na geração de oportunidades

Por José Antonio Bof Buffon

O turismo reúne um conjunto diversificado de atividades econômicas e se constitui como um vetor capaz de impulsionar o desenvolvimento econômico, especialmente em territórios de baixo desenvolvimento. O potencial turístico do interior do Espírito Santo, com suas belezas naturais, cultura rica e história diversificada, pode ser explorado para criar novas oportunidades de trabalho e renda.

Entendemos que o habitat do homem é o território. Isso é, o território é o palco onde se desenrola o processo civilizatório. Entendemos também que o território se forma pela sobreposição de camadas culturais que se acumulam sobre o legado da natureza. Na devida compreensão do que vem a ser a dinâmica de cada território e suas especificidades, devemos acrescentar à natureza, os ativos materiais e a infraestrutura, as instituições e organizações, além das práticas sociais, usos e costumes.

Isto nos leva a compreender que o desenvolvimento do turismo, no território, não ocorre de forma isolada, tampouco de forma espontânea. É necessária uma visão de futuro compartilhada, manifesta e um plano estratégico que envolva o poder público, a iniciativa privada e a comunidade local.

No âmbito dos governos municipais, as secretarias municipais de ação social, trabalho e renda, em conjunto com as secretarias de cultura, turismo e desenvolvimento econômico, desempenham um papel crucial nesse processo, pois são responsáveis por promover políticas públicas que incentivem a capacitação profissional e a inclusão social.

A capacitação da mão de obra local é um dos pilares para o sucesso do turismo. Programas de formação e qualificação profissional podem preparar os moradores para atuar em diversas áreas, como guias turísticos, atendentes em estabelecimentos de hospedagem, restaurantes e centros de artesanato. Além disso, o incentivo ao empreendedorismo é essencial.

Micro e pequenos empresários podem se beneficiar do aumento do fluxo turístico, oferecendo produtos e serviços autênticos que valorizem a cultura local. O SENAC e o SEBRAE oferecem inúmeras possibilidades de cursos de formação, capacitação e treinamento.

A infraestrutura também é um fator determinante. Investimentos em transporte, sinalização turística, saneamento básico e segurança são imprescindíveis para tornar a região atrativa e acessível aos visitantes. Parcerias público-privadas podem ser uma alternativa viável para viabilizar esses investimentos, distribuindo responsabilidades e benefícios entre governo e iniciativa privada.

Outro ponto importante é a promoção do agroturismo e o turismo comunitário, modalidades de turismo que se coadunam perfeitamente com a necessidade da vertente da sustentabilidade. É vital que o desenvolvimento turístico ocorra de maneira equilibrada, respeitando o meio ambiente e as comunidades locais. Práticas sustentáveis garantem a preservação dos recursos naturais e culturais, assegurando que as futuras gerações possam continuar a usufruir dessas riquezas.

A integração regional é uma estratégia que pode potencializar os resultados. A criação de roteiros turísticos integrados entre municípios vizinhos permite a diversificação da oferta turística, aumentando o tempo de permanência dos turistas e, consequentemente, os gastos na região. Além disso, fortalece a cooperação entre os municípios, compartilhando experiências e recursos.

Por fim, a promoção do destino é fundamental para atrair visitantes. A utilização de ferramentas de marketing digital, como redes sociais e websites, aliada à participação em feiras e eventos de turismo, pode aumentar a visibilidade dos territórios e atrair um público diversificado.

José Antonio Bof Buffon é economista e Secretário Executivo da Câmara Empresarial do Turismo da Fecomércio-ES.